A adolescência (período de vida situado entre a infância e a idade adulta) é uma das etapas do desenvolvimento humano caracterizada por alterações físicas, psíquicas e sociais (Cabrera, 1995). Começa com o desencadear da puberdade e termina mais ou menos precisamente com a integração do indivíduo na sociedade dos adultos. A puberdade (fenómeno fisiológico que marca a entrada na adolescência) é definida por alguns autores como o conjunto dos fenómenos de maturação, tanto físicos como psíquicos, que marca o início de vida reprodutiva de rapazes e raparigas. Ela implica uma série de importantes transformações do corpo que se realizam a um ritmo acelerado (Boisvert, 2006). Uma gravidez na adolescência provoca alterações na transformação que já vem ocorrendo de forma natural, ou seja, implica um duplo esforço de adaptação interna fisiológica e uma dupla movimentação de duas realidades que convergem num único momento: estar grávida e ser adolescente (Coates, Françoso e Beznos, 1993).
Sendo a crise um período temporário de desorganização, precipitado por mudanças internas e externas, pode-se afirmar que tanto a adolescência quanto a gravidez são uma crise, dado que ambas implicam modificações sensíveis nos comportamentos, nas formas de pensamento, nas relações e emoções da adolescente. A primeira é necessária e imprescindível para o crescimento do indivíduo enquanto ser humano, já a segunda é uma opção, pois pode-se escolher o momento de viver a gravidez (Saito e Silva, 2001).
A maternidade na adolescência condiciona adversamente as trajectórias desenvolvimentais tanto da mãe como do bebé, colocando-os numa situação de elevado risco psicossocial (Figueiredo, 2000).
Ao comparar as crianças de mães adolescentes com as crianças de mães adultas, os estudos empíricos encontraram um maior número de complicações obstétricas e problemas médicos (baixo peso à nascença, prematuridade, mortalidade neo-natal), atrasos no desenvolvimento cognitivo, baixo rendimento escolar e problemas de comportamento junto das primeiras. A investigação tem ainda mostrado que as consequências adversas sobre a criança associadas à maternidade na adolescência não se limitam aos momentos que se seguem ao nascimento. Numa amostra de 70 crianças em idade pré-escolar, por exemplo, constatou-se que um elevado número de crianças (56 %) apresentava nível cognitivo baixo, um elevado número (53 %) apresentava atraso de linguagem e um menor, mas ainda elevado número, (23 %) apresentava sintomatologia psicopatológica a nível clínico (Apfel & Seitz, 1997; Hann, Osofsky & Lump, 1996; Miller, Miceli, Whitman & Borkowski, 1996 em Figueiredo, 2000).
À semelhança do que se verificou com a criança, também na mãe foram assinaladas consequências adversas decorrentes da maternidade na adolescência, principalmente: níveis menos elevados de ensino, dificuldades económicas, desemprego, emprego mal remunerado ou instabilidade no emprego, divórcio, monoparentalidade, segunda gravidez e problemas psicológicos. Assim, as consequências adversas para a mãe situam-se a diversos níveis: a nível físico e da saúde, mas também a nível social, educacional, profissional e sócio-económico, e ainda a nível psicológico (Figueiredo, 2000).
Importa salientar ainda, que as principais queixas apresentadas pela jovem grávida são: dificuldades na relação com os pais pelo surgimento da gravidez, algum desapontamento, culpas e acusações que poderão ocorrer aquando da chegada da notícia; dificuldade na relação consigo própria pela “necessidade” de integrar a gravidez e a expectativa da maternidade nos seus projectos e interesses de adolescente; receio de possíveis alterações no relacionamento com o seu namorado; dificuldade em conseguir gerir a relação com o seu grupo de amigos; dificuldade em conseguir encontrar um espaço onde se sinta confortável para falar sobre os seus medos e dúvidas face à situação vivida (Kalina, 1999).
Conclui-se que quando se trata de uma adolescente grávida, às mudanças emocionais e físicas são acrescidas questões de ordem psicossocial e, ainda, de falta de apoio, as quais podem tornar a gravidez numa experiência traumática, num problema emocional e de saúde e promotor de exclusão social (Costa, 1997). Conclui-se ainda, que a maternidade afecta negativamente, e a diversos níveis, a trajectória desenvolvimental da adolescente, particularmente nos domínios educacional (abandono escolar ou menor progressão educativa), sócio-económico (pobreza), ocupacional (desemprego), social (monoparentalidade) e psicológico (por exemplo, depressão, baixa auto-estima, isolamento social, instabilidade, ansiedade) (Figueiredo, 2000).
Sendo a crise um período temporário de desorganização, precipitado por mudanças internas e externas, pode-se afirmar que tanto a adolescência quanto a gravidez são uma crise, dado que ambas implicam modificações sensíveis nos comportamentos, nas formas de pensamento, nas relações e emoções da adolescente. A primeira é necessária e imprescindível para o crescimento do indivíduo enquanto ser humano, já a segunda é uma opção, pois pode-se escolher o momento de viver a gravidez (Saito e Silva, 2001).
A maternidade na adolescência condiciona adversamente as trajectórias desenvolvimentais tanto da mãe como do bebé, colocando-os numa situação de elevado risco psicossocial (Figueiredo, 2000).
Ao comparar as crianças de mães adolescentes com as crianças de mães adultas, os estudos empíricos encontraram um maior número de complicações obstétricas e problemas médicos (baixo peso à nascença, prematuridade, mortalidade neo-natal), atrasos no desenvolvimento cognitivo, baixo rendimento escolar e problemas de comportamento junto das primeiras. A investigação tem ainda mostrado que as consequências adversas sobre a criança associadas à maternidade na adolescência não se limitam aos momentos que se seguem ao nascimento. Numa amostra de 70 crianças em idade pré-escolar, por exemplo, constatou-se que um elevado número de crianças (56 %) apresentava nível cognitivo baixo, um elevado número (53 %) apresentava atraso de linguagem e um menor, mas ainda elevado número, (23 %) apresentava sintomatologia psicopatológica a nível clínico (Apfel & Seitz, 1997; Hann, Osofsky & Lump, 1996; Miller, Miceli, Whitman & Borkowski, 1996 em Figueiredo, 2000).
À semelhança do que se verificou com a criança, também na mãe foram assinaladas consequências adversas decorrentes da maternidade na adolescência, principalmente: níveis menos elevados de ensino, dificuldades económicas, desemprego, emprego mal remunerado ou instabilidade no emprego, divórcio, monoparentalidade, segunda gravidez e problemas psicológicos. Assim, as consequências adversas para a mãe situam-se a diversos níveis: a nível físico e da saúde, mas também a nível social, educacional, profissional e sócio-económico, e ainda a nível psicológico (Figueiredo, 2000).
Importa salientar ainda, que as principais queixas apresentadas pela jovem grávida são: dificuldades na relação com os pais pelo surgimento da gravidez, algum desapontamento, culpas e acusações que poderão ocorrer aquando da chegada da notícia; dificuldade na relação consigo própria pela “necessidade” de integrar a gravidez e a expectativa da maternidade nos seus projectos e interesses de adolescente; receio de possíveis alterações no relacionamento com o seu namorado; dificuldade em conseguir gerir a relação com o seu grupo de amigos; dificuldade em conseguir encontrar um espaço onde se sinta confortável para falar sobre os seus medos e dúvidas face à situação vivida (Kalina, 1999).
Conclui-se que quando se trata de uma adolescente grávida, às mudanças emocionais e físicas são acrescidas questões de ordem psicossocial e, ainda, de falta de apoio, as quais podem tornar a gravidez numa experiência traumática, num problema emocional e de saúde e promotor de exclusão social (Costa, 1997). Conclui-se ainda, que a maternidade afecta negativamente, e a diversos níveis, a trajectória desenvolvimental da adolescente, particularmente nos domínios educacional (abandono escolar ou menor progressão educativa), sócio-económico (pobreza), ocupacional (desemprego), social (monoparentalidade) e psicológico (por exemplo, depressão, baixa auto-estima, isolamento social, instabilidade, ansiedade) (Figueiredo, 2000).
Psicóloga Marta Faria
BIBLIOGRAFIA
- Boisvert, C. (2006). Pais de adolescentes: da tolerância necessária à necessidade de intervir (1ª ed.). Lisboa: Climepsi Editores.
- Cabrera, R.R. (1995). La prevención del embarazo en adolescentes: un compromiso con la vida. Revista Niños, 29 (7).
- Coates, V.; Françoso, L. A. e Beznos, G. W. (1993). Medicina do Adolescente. São Paulo: Sarvier.
- Costa, M. E. (1997). Divórcio, monoparentalidade e recasamento - intervenção psicológica em transições familiares: (1ª ed.). Lisboa: Edições ASA.
- Saito, M.I. & Silva, E.V. (2001). Adolescência - Prevenção e Risco. São Paulo: Atheneu.
- Kalina, E. (1999). Psicoterapia de Adolescentes: Teoria, Prática e Casos Clínicos (3ª ed.). Porto Alegre: Artes Médicas.
BIBLIOGRAFIA
- Boisvert, C. (2006). Pais de adolescentes: da tolerância necessária à necessidade de intervir (1ª ed.). Lisboa: Climepsi Editores.
- Cabrera, R.R. (1995). La prevención del embarazo en adolescentes: un compromiso con la vida. Revista Niños, 29 (7).
- Coates, V.; Françoso, L. A. e Beznos, G. W. (1993). Medicina do Adolescente. São Paulo: Sarvier.
- Costa, M. E. (1997). Divórcio, monoparentalidade e recasamento - intervenção psicológica em transições familiares: (1ª ed.). Lisboa: Edições ASA.
- Saito, M.I. & Silva, E.V. (2001). Adolescência - Prevenção e Risco. São Paulo: Atheneu.
- Kalina, E. (1999). Psicoterapia de Adolescentes: Teoria, Prática e Casos Clínicos (3ª ed.). Porto Alegre: Artes Médicas.